sábado, 3 de outubro de 2015

ATIVIDADES PERFORMÁTICAS - MORFEU

Turma  AC4N

TÍTULO: "Morfeu"

Deus Grego dos "sonhos", filho de Hipnos, Morfeu aparece durante os sonhos na forma da pessoa amada... Sonhos bons ou ruins podem ser lembranças de registros condicionados nos lóbulos da memória que vem a tona durante o sonho. Essas lembranças podem vir de forma desorganizada, causando distúrbios, mostrando imagens distorcidas do nosso dia. Se as imagens são criadas a partir de referências do nosso cotidiano então os sonhos são partes de nós e nós somos parte dos sonhos.  “Somos feitos da matéria dos sonhos”, uma frase de Shakespeare, escrita em 1611 para sua última peça – A tempestade.
Na performance "Morfeu", distribuímos alunos/atores performáticos em períodos de sono e vigília de diferentes formas, atuando com ações distintas a cada um. Cada performer (aluno do curso de Licenciatura em Artes Cênicas) criou seu mundo particular, em colchonetes distribuídos aleatoriamente pelos corredores do prédio de direito da UVV (Universidade Vila Velha). Os pesadelos sofridos pelos alunos refletiram de forma cênica sua indignação por assuntos que ficaram mal resolvidos junto a alunos de outros cursos. Uma forma de denúncia e resposta a seus desejos de mostrar os resultados dos estudos de seu curso.
Enquanto Ana Paula contava histórias para seu filho dormir, Anacarolina convidava as pessoas que passavam para se juntar a ela em seu mundo de ilusão, criando uma dimensão paralela e se distanciando do que acontecia a sua volta. Enquanto Ismael sofria com seus pesadelos, Yule sofria acordada sendo perseguida por Jeferson que não a deixava dormir. Vinicius se masturbava, Naiara enlouquecida se sujava de tinta vermelha em um misto de insanidades que podem ser traduzidos pelas dores das cólicas menstruais noturnas. Lázaro em seu momento de insonia brincava ininterruptamente com uma bolinha enquanto Rafaela procurava a melhor posição para um bom sono, sem sucesso e Marcela ficava escondida nas esquinas, assustando quem passava tentando simular sua falta de sono. Todas essas cenas aconteciam simultaneamente trazendo reações diversas do público que passava.
Se há algum objetivo a ser atingido com uma performance, essa apresentação chegou a diferentes estágios. O público se mostrou em alguns momentos apático ao trabalho, mas a interação foi percebida quando vimos que muitos saiam comentando sobre o que acontecia. Se simplesmente assustados pela Marcela e desviavam de seu caminho, ou quando sentavam no quarto ilusório da Anacarolina e imergiam em seu mundo particular, conseguimos notar que de certa forma nós interferimos no cotidiano de todos aqueles que estavam acostumados a simplesmente descer a rampa e seguir sua rotina. Ir embora naquele dia não foi tão simples. Quando você é interrompido, aquele fator introduz na sua mente mais uma recordação e se os sonhos são feitos de memórias do seu dia, provavelmente, segundo a psicanálise, alguns se assustarão no meio da noite sonhando com o grito de alguém que interrompe sua jornada escondido atrás de uma parede, ou vagará no mundo de histórias contadas por uma mãe que pode ou não ser a sua. Não poderemos saber qual o resultado, pois os sonhos serão particulares de cada um do público e não serão revelados, mesmo que questionados, talvez pela ausência de sua lembrança, ou pela criatividade de cada um em aumentar criativamente as lacunas de memórias que se formarão.
 "Não há olho de homem que tenha visto, nem orelha de homem que tenha ouvido, nem mãos de homem que tenham tocado, nem língua que haja concebido, nem coração que haja relatado o que foi o meu sonho." (SHAKESPEARE, Willian. "Sonho de Uma Noite de Verão". Ato IV - Cena I).
Mesmo os atores performáticos tiveram motivos próprios para suas ações. Representando ou vivenciando, cada um deles colocou em prática ações relacionadas ao momento que interliga a vigília e o sono. Atitudes que fazem parte do cotidiano de todos, cada um em sua dimensão particular, mas, da mesma forma que não podemos listar os motivos que impulsionaram cada ator, também não conseguiremos medir o impacto que causamos no público.
Este foi o primeiro trabalho, propenso a alterações e críticas. Nossas rotinas seguirão, com ou sem pijamas e colchonetes... Mas teremos sempre o registro da atividade em nossas memórias e talvez até uma parte dele nos retorne em um próximo sonho.








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