aula de 11 de Fevereiro de 2015
Fala interna e fala externa
Fizemos
um pequeno vídeo para treino da fala interna em locação externa nas áreas da
UVV. Meu vídeo foi feito na vidraça da biblioteca.
Fala interna: "a lua cheia
nos torna insanos"
Fala
externa: em 2007 fizemos um desfile no Centro de Vitória em homenagem aos
antigos carnavais. Eu fui vestido de Pierrot e desde então sempre me vesti de
pierrot. Mas em 2010, não sei porque, acho que tinha verba prá cachê,
contrataram um outro artista prá ser o pierrot... Fui de Mezentino... Eu mesmo
fiz a roupa... Com cola quente! Fiz mais sucesso que o Pierrot!"
24 de Fevereiro
Assistimos
aos vídeos da aula anterior... Muito bom!!! Depois fizemos um jogo com a
câmera. Alguém fazia uma pergunta que te remetia a pensar na resposta, enquanto
a professora (linda, maravilhosa, fantástica e hiper profissional) capturava as
reações e emoções esxpressadas. as perguntas foram as mais variadas. A melhor
parte do exercício foi o depoimento do Lázaro que emocionou a todos em sala.
04 de Março
Assistimos
ao vídeo da aula anterior... Reflexão para falar... fala interior! refletimos
sobre as reações naturais do ator quando questionado sobre um fato real de sua
vivência... o tempo que leva para recordar, criar a imagem e transformar em
texto... Os olhares, movimentos macros e micros, relação com objeto externo.
Sorteamos textos entre os alunos que criaram situações para que o colega ator
represente, tentando colocar as mesmas reações naturais de sua vivência. Dica
da Rejane: Pesquisar e "roubar" ações dos colegas para criar seu
personagem.
Meu texto foi escrito pensando em
Julia, mas foi para Lazaro:
"Eu
me lembro como se fosse ontem, minha mãe chegou em casa com aquele embrulho
enorme. Eu tinha 5 anos, eu acho, e fiquei olhando para aquele pacote do lado
do sofá. Era um dia comum, nem natal, nem meu aniversário... Então fiquei sem
saber o que era aquele pacote com papel de presente, e do meu tamanho.
Quando
minha mãe disse que era prá mim eu fiquei sem saber o que fazer... não sabia se
ria ou chorava e quando abri era a mesma boneca que eu tinha visto na
televisão. Foi o melhor presente que eu já tinha ganhado. Fiquei sem ação, eu
nem sabia como brincar com ela. Lembrei dela hoje e fico curiosa em saber onde
ela está! Nem sei quando eu parei de brincar com ela, acho que foi quando eu
ganhei minha primeira bicicleta..."
E a Naiara escreveu para
mim:
Eu
comecei a beber quando eu larguei minha mulher. Ela já tinha me traído uma vez,
mas depois ela engravidou de um traficante, isso me matou por dentro. Depois
disso eu sai de casa, deixei lá meus seis filhos e o filho dela. Vagabunda! Foi
ai que eu perdi tudo, perdi minha casa, minha mãe, minha família. Eu não tinha
essa vida de rua não, eu trabalhava de garçom há dezoito anos, mas laguei tudo,
ai eu vim prá rua e encontrei companhia da minha cachacinha. A cachaça me faz
bem, se eu fico um dia sem ela, eu fico doido. Eu fico feliz em pensar que
quando eu acordar vou ter minha cachacinha do meu lado. Se alguém tirar ela de
mim eu mato, é pau no gato sem massagem. Não, não... não vou largar ela por
nada, ela me traz alegria, eu tô fudido mesmo, muito, mas to feliz assim, e é
assim que eu quero ficar. Eu sei que eu to morrendo por dentro, mas eu prefiro
morrer devagarzinho. Voltar prá casa, não mesmo, senão eu vou ter um problema
com a vagabunda, problema com o traficante, problema com minha mãe... Tá bom
assim mesmo, eu e minha cachacinha, de problema já basta a vida!
Decidimos
dar sugestões de filmes para assistirmos. Preparar o texto para a próxima aula.
Sugestão de Rejane: "trabalho pela escrita" e "criação de
subtexto"
Aula 11
de março
fizemos
filmagens na casa da Iasmin. .. minha cena foi com a Julia.
Relações
Rompidas
O homem
está desgastado da relação. .. Eles namoram desde criança. .. ela foi a
primeira namorada dele. Ele é egoísta e egocêntrico. Quer terminar o
relacionamento por que ela resolveu fazer faculdade. A possessão sobre a vida
dela o impõe a determinar que ela escolha entre ele e a faculdade.
Rejane
pediu para que registrassemos as ideias de lembranças que o personagem
poderia ter."Para o cinema tudo se torna uma imensa natureza-morta, até os
sentimentos dos outros são qualquer coisa de que se pode dispor."
(Federico Fellini - cineasta - 1920-1993). Pensei então na Júlia, tímida e
temerosa da cena, mas com um grande potencial para interpretação. Nos
conhecemos um pouco e sabemos que temos bases bem fortalecidas em teatro então
conversamos um pouco sobre como não interpretar tanto (como se fosse teatro).
Escrevi então coisas que um marido diria para a esposa, se ele fosse totalmente
machista e possessivo. Aproveitei a situação do curso superior. Usei como
pensamento do "marido" que a vida dos dois deveria ser um mundo
próprio e particular, sem intromissões. Então a faculdade seria um impecílho
para a vida conjugal. Ele ama a esposa, mas mais que amar ele a quer como objeto.
Em um certo momento, como ela insistiu em querer saber quando o relacionamento
deles havia começado a se desgastar, ele liberou um pouco da prepotencia,
alterando a voz e a chamando de louca, por ficar feliz qundo vai prá faculdade
e com poucas reações positivas quando está em casa. A conversa começa com ela
relembrando a ele da lua de mel, até um pouco sentimental, e ele sentado, sem
lhar para ela, distraído em limpar os óculos e assistindo a um programa de tv.
Tentei passa a ideia de que não há mais diálogo entre eles.
No
momento em que ele relembrou de quando a conheceu e se apaixonou por ela, os
olhos lacrimejaram... Não tenho lembrança da memória do momento. Foi uma reação
muito espontÂnea e natural. Sei ue na hora tudo se apagou das minhas lembranças.
Antes da cena fiz um exercício sensorial ou de memória emotiva, recordando de
quando descobri que a mãe de meu filho estava grávida e que conversamos sobre
não termos muito haver um com o outro. Fiquei imaginando se tivéssemos tido uma
vida juntos, de como teria sido, se realmente a gente se adequaria a vida a
dois e se continuaríamos por muito tempo. Depois imaginei que a Júlia que
terminaria a relação, ela que pediria tempo, ou pediria para separar, então
pensei em todas as justificativas para que continuássemos, como que sou
apaixonado, que desisti de tudo na vida por ela, mas já no início da conversa
ela começou como que tentando resgatar o relacionamento, então pus em ação o
machismo extremo do Esposo.
18 de Março
A aula demorou um pouco para
começar, pois precisamos procurar uma sala, mas a demora foi tão compensadora
que o pouco tempo perdido praticamente não fez diferença.
Assistimos
a nossas filmagens. Depois começamos a discutir sobre o que foi feito... Quais
nossas impressões. Confesso que fiquei impressionado com o meu trabalho, pois
nunca acreditei que eu fosse fazer qualquer coisa em vídeo, cinema ou tv... As
vezes pequenos toques da Rejane são suficientes para abrir totalmente a nossa
mente. É um trabalho difícil e arriscado, visto todo meu trajeto no teatro, mas
eu me propus a ser o mais dedicado discípulo. Quero ouvir cada vírgula que
Rejane falar e quero ler Kusnet. No início até me confundia, estava tratando a
fala interna como impulso da fala externa, o que viria imediatamente anterior ao
que eu tinha que falar, e isso diminuia meu tempo de pausa. Hoje, com um
exemplo, Rejane abriu minha mente e martelou a resposta com tanta intensidade
que não sei como descrever o meu entendimento. Primeiro Rejane comentou sobre a
interpretação de cada um... Depois fez um comentário sobre o meu trabalho com
Julia. Perguntou se tinhamos repertório próximos a nós para a nossa cena.
Comentei que meu personagem foi próximo a minha vivência, então, em um dado
momento da cena, ela comentou sobre o realismo da cena ser aparente por a mesma
estar próximo a minha realidade, então questionei o meu processo. Disse que até
antes de entrar em cena, fiz anotações, revi falas prováveis, mas que na hora
da cena, simplesmente deu um branco e não sonsegui pensar em nada além do que
estava acontecendo... Aí veio a luz... Na improvisação antes de você falar,
passam diversar coisas pela sua cabeça, várias pequenas frases rápidas
(verticais), não completas e talvez nem audíveis, mas que compõem a
representação e enriquecem a partitura até que apareça a palavra certa
para o momento da representação. Esse branco, ou essas pequenas
marteladas são impulso para as expressões faciais, reflexos corporais, reações
físicas. Quando acontece a representação pelo texto, onde a "palavra certa"
já está preescrita, daí que aparece a fala interna como ilusão da realidade.
Criamos um repertório de falas que competem com a palavra externa que deve ser
dita. Então ficcionamos que estamos escolhendo a frase que melhor se encaixa no
contexto, deixamos que diversas palavras "martelem" e no momento
"certo" escolhemos falar a frase que já estava escrita.
25 de
Março
Filmamos
hoje com experimento a partir do filme "Taxi Driver". A primeira cena
foi o sequestro de um aluno, a segunda foi uma conversa entre duas irmãs e a
minha, a terceira cena foi feita com Raquel, onde ela planeja me matar e eu
planejo meu suicídio. A cena consiste em fala interna contraditória a fala
externa, com roteiro pré definido.
Para
Scorcsese: "eu quero mostrar a ação da forma mais verdadeira
possível!!! Solidão, frustração, ansiedade e medo."
Raquel
esta vendo filme e comendo pipoca, Anderson chega com um presente para filha,
ambos planejam viajar em família no final de semana.
ANDERSON
chegando
na sala (último
presente que vou dar para minha filha, tem que ser algo especial para ela
lembrar de mim) – Olha o que eu trouxe pra você de presente.
RAQUEL
vendo
filme e comendo pipoca (Lá vem esse idiota me encher o saco) – Awwn que
lindo, vou mostrar pra toda nossa família na viagem de final de semana.
ANDERSON
– Eu vim
justamente pra conversar com você sobre essa viagem (acho que devo mandar ela
desmarcar), você já confirmou o Hotel? (espero que não).
RAQUEL
– Iiih
pai, já ‘tá’ tudo marcado, todo mundo já confirmou (é um sonso mesmo de
acreditar que eu vou fazer alguma coisa por ele), já paguei o transporte, o
hotel confirmou duas refeições diárias e a festa vai bombar a noite (mas é a
festa que eu vou dar essa noite, quando seu sangue estiver escorrendo da cama)
ANDERSON
(puta que
pariu, ela já gastou dinheiro, o que será que ela vai pensar de mim depois?) –
Mas você já pagou o hotel? E se alguém desistir?
RAQUEL
– Ninguém vai desistir não, todo
mundo já confirmou.
ANDERSON
– Sei lá,
eu to ficando muito chato ultimamente, cê sabe que não sou mais adolescente pra
curtir esse tipo de festa (se bem que eu nem vou nessa festa)
RAQUEL
(chato,
idiota, babaca e principalmente repugnante) – ai pai, deixa de ser bobo, você é
o melhor pai do mundo e vamos dançar muito juntos.
ANDERSON
(já
escrevi todas as cartas... já me despedi de todo mundo que precisa de uma
explicação. Todos que precisariam terão uma justificativa. Só não sei o que
escrever prá minha filha... ela me ama tanto... ela precisa tanto de mim...
Será que ela vai conseguir viver bem sem minha presença? Será que ela consegue
viver sem mim? Mas meu tempo acabou... já chega... não quero mais ficar aqui...
quero ir para o outro mundo logo, hoje.)
RAQUEL
– Nossa
olha isso, essa serie policial é muito mentirosa, nunca que alguém descobre um
crime assim, isso é coisa de filme americano mesmo (o que eu vou fazer, por
exemplo, ninguém vai descobrir)
ANDERSON
– E
então, gostou do anel? (quero que você use ele pra sempre pensar em mim, ele
vai estar contigo quando eu não puder estar)
Raquel
continua a comer pipoca e assistir filme, enquanto murmura um uhum distraído
para a pergunta do pai.
ANDERSON
– Então
ta, já ‘ta’ começando a ficar tarde e eu quero dormir mais cedo hoje, eu vou
pro meu quarto, qualquer coisa chama (vou dormir um pouco, esperar a hora dela
dormir e depois eu me mato e acabo com isso, tenho que deixar as cartas em um
lugar visível pra ela achar)
RAQUEL
– Ta bom
pai, amo você, durma bem. (isso mesmo seu idiota, vai dormir pra não acordar
mais.. você não perde por esperar o que vai acontecer essa noite, finalmente
vou ter uma vida longe de você e ficar com todo dinheiro da família.. Isso tudo
por cima do seu sangue, babaca. Sua filhinha inocente vai ficar orfã,
finalmente)
31 de
Março
hoje
filmaram a cena de um consultório médico, onde os profissionais planejam vender
um bebê que está para nascer. A outra cena ficou distante e não consegui
perceber qual era a história.
Nesses
dois dias de filmagem eu fiquei um pouco aflito. Não sabia se estaria fazendo
certo. O costume do teatro ainda está bem impregnado e fico sempre apreensivo
na qustão da voz, da dicção, dos movimentos e da expressão facial.
"As
atividades rotineiras e repetitivas habituam e moldam o corpo, condicionando
musculaturas e atrofiando possibilidades. Convencendo-nos de que não
podemos executar esse ou aquele movimento, que somos incapazes,
insuficientes e inabilitados. Se nos submetemos a essa mecanização,
abrimos mão de ampliar espaços, de ousar e de experimentar o novo, o não-conhecido
e o não-dominado."
Augusto
Boal
Analisando
o pensamento de Boal, transito a comparação ao teatro habitual que me acostumei
a fazer. A pesquisa cotidiana estava atrofiada e condicionada às atividades
repetitivas de alguns anos de trabalho baseados no mesmo padrão de espetáculos.
Personagens aglutinados ao meu fazer cotidiano que, impregnados, me seduziam a
mantê-los intactos. O dito popular de que em time que está ganhando não se
mexe, tornou-se mandamento primo de minhas atividades cênicas. O contato com as
novas experiências cênicas, mesmo sendo essas em vídeo, me mostraram que
existem outros caminhos. Apesar de entender e aceitar outros estudiosos, me
fixava na expectativa de que minha técnica, ou minha tática, agradava. Mas
creio que novos rumos ou novos estudos podém desenvolver ou ampliar meus campos
de pesquisa.
O
atrofiamento nas pesquisas é um mal que deve ser estirpado. Começo a me
considerar não só um ator, mas um estudioso, um "procurador" de novos
rumos. Refleti nesses últimos encontros sobre a questão da fala interna e os
grandes intervalos entre o texto a ser falado. Ainda me pergunto, apesar de ter
percebido o fundamento, como utilizar a fala interna quando esta não tem
relação direta com a fala externa, ou com a representação do momento da cena.
Entendo que devem ser utilizadas para quebrar a teatralidade, mas ainda sinto a
dificuldade de sua utilização. Diz Knebel em Monólogo Interior "É
um erro pensar que o processo de domínio do monólogo interno é um processo
rápido e fácil. Se adquire pouco a pouco e como resultado de um grande trabalho
por parte do intérprete". Falta ainda muito que pesquisar e muito o que
testar, mas agora vejo filmes, séries até mesmo desenhos tentando ler nas
expressões dos artistas o que eles devem estar pensando para influenciar a
sequência do texto, ou as ações que se seguirão.
1º de
Abril
Assistimos
e analizamos cada cena. Houve uma grande discussão na sala sobre a "fala
interna". O meu maior aprendizado foi que temos que estar predispostos ao
aprendizado. Limitar barreiras nos impede de adquirir novos conhecimetos. Uma
das questões levantadas pela Rejane foi que não devemos deixar que a
dificuldade nos impeça de evoluir no trabalho, devemos procurar o problema do
jogo e achar soluções para ele. O treino é essencial para a construção e a
utilização da fala interna.
vendo a
primeira cena, a do sequestro, e analizando a naturalidade das ações dos
atores, vi que enquanto bastidores, a cena corria cotidianamente. mesmo o
"elenco" de apoio e os figurantes que estavam no bar construiram um
clima propício a promiscuidade da intenção da cena. Me senti até reprimido, com
afloramento de emoções. A cena de princípio me proporcionou um certo medo e
aflição. Apesar da naturalidade com que o elenco principal tratou a ação, não
vi muita verdade no texto. O diálogo não foi muito convincente, talvez pela
falta de conhecimento dos atores sobre o personagem.
"A
carga espiritual que o ator precisa trazer consigo à cena exige, como temos
dito, uma profunda penetração no mundo interno da personagem. É preciso que o
ator aprenda a relacionar-se com o personagem por ele criado, não como
literatura, mas como um ser humano vivo que com ele partilha seus próprios
desejos psicofísicos." (KNEBEL, Monólogo Interior)
Uma
pesquisa mais intensa sobre as atividades de personagens semelhantes poderia
sanar as questões. Faltou um pouquinho de verdade, provavelmente pela fala
interna da construção do personagem. Um exercício de construção antes da cena
ser filmada. Faltou criar um pouco dos sentimentos e dos desejos do personagem.
"...O
personagem era o Zeca Diabo, um temido matador, devoto do Padre Cícero, que ele
chama “Padim Ciço” e temente a sua santa “maizinha”. Eu estudei a psicologia do
personagem e pedi permissão à direção da novela para compor o vestuário e os
trejeitos do personagem. Lembro-me de que fui até o Brás (bairro central de São
Paulo) procurar algumas roupas para o Zeca Diabo. Foi muito engraçado o
primeiro dia da minha gravação. Cheguei montado num cavalo, apeei-o em frente a
um boteco e entrei, com todos me olhando, e cheguei num balcão e pedi uma
cachaça ao atendente, com aquela voz meio afeminado. Todos riram, pensando que
o Zeca Diabo era viado. Não deu outra, e o personagem ganhou a simpatia do
público e eu fiquei na novela e na Globo até hoje" (DUARTE, Lima.
Entrevista à revista Brasileiros. Extraído em 01/04/2015 http://brasileiros.com.br/2015/03/84-anos-de-lima-duarte-releia-entrevista-ator-brasileiros)
Na
segunda cena, das irmãs, percebe-se muito de fala interna. Talvez a facilidade
perante a cena anterior seja devido a proximidade previsível dos personagens
com pessoas que estão em nosso meio. Sempre conhecemos alguém que tem problemas
entre irmãos. "O ator, uma vez que se entregou a seu papel, precisa
fantasiar por si mesmo dezenas de monólogos internos, e então todos os momentos
de seu papel em que se cala estarão repletos de um profundo conteúdo."
(KNEBEL, Monólogo Interior) Percebi nos olhares das atrizes todo o ódio que uma
tinha pela outra, mesmo no silêncio da fala, o corpo e os olhares contavam uma
história, mostrava o sentimento da personagem.
Na
terceira cena, sociopatas, foi a minha cena. Vejo primeiro uma evolução no meu
trabalho. Ainda tem um grande trajeto. Vendo a cena teria vontade de fazer de
novo e de outra forma, construir uma fala interna diferente e até mesmo um
diálogo externo diferente. Mas tanto eu quanto Raquel experimentamos o texto
antes da filmagem, falamos as falas externas e as internas, escrevemos e depois
digitamos. Tentamos manter o roteiro com fidelidade, ensaiamos e gravamos o
texto e as falas internas. Durante a filmagem eu tive a necessidade de mudar
uma ou outra fala interna, devido ao ambiente ser diferente dos ensaios. Senti
que a lente na nossa frente ainda causa um furor e provoca um branco. A
convivência do elenco, ou seja, minha intimidade com a Raquel auxiliou no
trabalho.
"Super
Interessante: A convivência com os outros atores é importante?
Andy
Serkis: Com
certeza. Passei muito tempo com o James Franco, por exemplo. Ele acreditava no
papel, mesmo me vendo de roupa verde em vez de ver um macaco [risos]. Franco
deu mais energia a meu personagem..." (entrevista do ator Andy Serkis
dada a Super Interessante extraída em 01/04/2015 http://super.abril.com.br/cultura/ator-computador-644592.shtml)
08 de Abril
Seis Registros na Atuação para
Cinema
Um Experimento para a Pedagogia
do Ator na Universidade Vila Velha
de Rejane Kasting Arruda
Os termos Naturalismo,
imobilidade, sujeira, visuabilidade do pensamento, emoção com contenção e
entusiasmo foram usados durante nosso bimestre de aulas em atuação para cinema
e tópicos.
Falamos de naturalismo no cinema
como um avanço do realismo decadente do teatro do século XX. Lembramos das
técnicas aplicadas para realizar uma cena mais próxima da mimese da realidade,
como a divisão de foco entre a ação e as atividades cotidianas e a fala
interna.
relembrando
a primeira cena gravada, onde usamos uma fala interna para quebrar a
interpretação melodramática, construi minha fala interna pensando em uma frase
que era totalmente fora do contexto da minha criação para a cena. Naquele
momento ainda não havia percbido a relação da fala interna com o texto falado.
Já na segunda cena criada, construí as falas internas relacionadas a momentos
vividos pelo personagem. O que ele gostaria de falar "se" o diálogo
seguisse um certo rumo. O que ele falaria para justficar alguma ação ou ideal.
28 DE ABRIL À 19 DE
JUNHO DE 2015
Aprender se tornou um desafio, conhecer
o desconhecido e decifrar o enigma do indecifrável...
Assim foram as aulas do segundo
bimestre em tópicos, que se misturaram com as aulas de interpretação para
cinema quando víamos filmes e tirávamos deles exemplos para a construção de
nosso trabalho. A sujeira, imobilidade, visualidade do pensamento, fala
interna, palavras soltas e diálogos internos, visualidade de imagens, contenção
do sentimento, explosão... Dentre outros termos que construímos num coletivo de
discussões e aprendizado.
Fazer filme, ou interpretar para a
câmera é muito mais que apenas representar, muito mais que criar um personagem.
É entender o sentido e o rumo que queremos tomar. O naturalismo foi base de
nosso trabalho durante as filmagens.
Nas primeiras filmagens eu ainda não
tinha consciencia do trabalho para câmera, e foi um verdadeiro desastre...
Estava no palco, criei um personagem que poderia estar em uma peça de
teatro, mas não se encaixava no trabalho que a gente estava tentando
desenvolver.
Já na segunda cena filmada, com a
Julia, onde usamos a sujeira como base para a interpretação e marcação da
direção, antes de filmar a cena comecei a escrever todos os sentimentos que o
personagem teria durante o diálogo, comecei a marcar cada ação e atitude dele
no papel que foi impregnando e se tornando físico, constituindo parte do
personagem, o que me fez torná-lo mais real. As reações ficaram mais expontânea
devido a visualidade do pensamento e diálogos internos... Enquanto a Julia
falava, eu relatava internamente alguns fatos que teriam acontecido entre os
personagens para que ele tivesse as reações que teve.
Na terceira cena, onde tinhamos que
seguir um texto pré definido, eu e Raquel criamos personagens auto destrutivos.
Edorei o texto atraves da repetição da escrita, e a cada vez que escrevia o
texto eu contruia as falas internas e também as escrevia intercalando com o
diálogo. Na hora da gravação, o diálogo estava tão impregnado no meu corpo que
até as reações seguiam o padrão que usei na escrita, inclusive as tiradas dos
óculos. A divisão de foco com objetos e a sujeira das mão sendo passadas no
rosto para secar o suor ajudaram na contrução do diálogo. Diferente da cena
anterior, agora todo o diálogo já era previsto. A melhor forma de torná-lo mais
natural foi o uso de palavras e frases soltas que intercalavam o texto
preescrito. Elas vinham verticalmente e em velocidade, e na maioria das vezes
eram de sentimento oposto ao texto que seria falado, isso para poder quebrar a
interpretação e tornar a representação mais realista.
As duas ultimas cenas filmadas foram
realizadas a partir de uma sequencia escrita para um curta, criado pelos
alunos. O sequestro nasceu da cena realizada por Ismael, Lazaro, Iasmin e
Anacarolina. Integramos a cena com a criada por mim e Raquel, onde ela mataria
o pai que na sequencia criada era pai do Lazaro que foi sequestrado. A primeira
filmagem foi ao telefone, um diálogo com a Iasmin pedindo o valor do sequestro.
Ainda não assisti a cena pronta, mas os frames ficaral muito lindos, a
fotografia da cena ficou perfeita, com a luz do notebook iluminando meu rosto.
Na cena em que vou entregar o dinheiro do sequestro e descubro que Raquel está
envolvida, foi um raio luminoso que surgiu e me transformou no personagem...
Havia decorado o texto da mesma maneira que no exercício com a Julia, fazendo a
escrita de todos os sentimentos que o personagem teria, e intercalando a
escrita com falas internas, mas na hora, no primeiro momento eu simplesmente
interpretei com excessofoi totalmente melodramático. Então Rejane criou uma
regra de jogo. E eu simplesmente me transformei. Me propus a esquecer o texto e
eralizar a regra. Comecei a listar diferentes palavrasm totalmente opostas e
desconexas. Pato, galinha, tomate, abóbora e como em um passe de mágica o texto
apareceu e eu o falava, continuei a criar como fala interna as palavras soltas
e no momento em que o texto surgia eu me deixava falá-lo. A cena ficou muito
naturalista e considero ter sido o melhor trabalho do bimestre. A partir da
visualização do trabalho finalizado decidi que aprofundaria minha pesquisa na
temática.
Discussão sobre o trabalho após a
filmagem:
Os exemplos que usei para realizar as
cenas foram a fala interna com visualidade do pensamento e a divisão de foco.
Assisti vários trabalhos na web, e um dos que mais me inspirou foi "The
Last Kiss" - Sidste kys - com Allan Hyde:
O
SEQUESTRO
Roteiro coletivo
PERSONAGENS: Anderson
– AnaCarolina – Iasmin – Ismael – Lázaro e Raquel
CENA 01
(Iasmin liga para Anderson falando
sobre o valor do resgate de Lázaro)
ANDERSON: Alô?
IASMIN: Alô? Com quem eu falo? Ah
Anderson! Pai do Lazaro né? Então cara, cê deu falta do teu filho?
Interessante... Por que eu to olhando pra ele nesse exato momento! É o seguinte
amiguinho, eu to com o seu filho aqui... Nós temos uma arma, fósforo, álcool,
uma faca, como você prefere que ele morra?... Mas, a morte dele pode ser
evitada, desde que você obedeça direitinho o que “tamo” pedindo! Quanto cê acha
que vale a vida do teu caçula?...100 mil, 200.... Que tal? Fechamos em 400 mil
e não se fala mais nisso! Você tem, tem 48 horas... Começando a partir de
"tic-tac-tic-tac"... Agora...
ANDERSON: Anderson... Sim... Mais ou
Menos... Isso deve ser brincadeira né? O que você quer? Fala logo... Mas é
impossível conseguir todo esse dinheiro em dois dias!
CENA 02
(Ao chegar ao local onde Lázaro se
encontra –tudo escuro– liga a lanterna em direção ao seu rosto)
ISMAEL: E ai "primo"? Pode
ficar tranquilo que eu paguei a conta do bar... Mas eu vou ter que te cobrar,
porque eu to um pouco sem grana... Na verdade eu sempre fui sem grana...
LÁZARO: Onde eu estou?
ISMAEL: Você já vai saber...
LAZARO: O que tá acontecendo? Porque eu
to assim?
ISMAEL: Você provocou isso... Lembra
aquele ano que você ganhou uma bicicleta que era mais cara que um carro? Pois
é... Eu lembro. E você lembra o que eu ganhei? Ah melhor, e essa Pool Party no
Rio para comemoração do seu aniversário? Era pra ser o meu aniversário, minha
festa. Meus intercâmbios, minhas viagens. Pois é! Nunca tive nada porque você
tinha que ter tudo. Mas hoje tá aqui sob o meu poder. Eu faço o que eu quiser
contigo?
(Lazaro se sacode na cadeira e Carol
segura)
LAZARO: Carol! Me ajuda! Me solta
aqui...
CAROL: Te soltar? Você quer mesmo que
eu te solte?
LÁZARO: E você? Por que você está aqui?
RAQUEL: Por nada, eu só queria te ver
sofrer mesmo (sorriso). Pra falar a verdade eu só quero ver o pai sofrer.. você
é só um meio insignificante para isso e então “irmãozinho” você vai morrer.. e
olha, vai ser um prazer fazer desse o processo mais doloroso do mundo.. Você
acha que se eu for mandando partes do seu corpo pro papai ele vai sofrer mais?
Eu acho que não... Você sabe por que você vivia viajando? Porque seu pai não
suportava olhar prá sua cara... Só espero que você não seja tão insignificante
pra ele quanto é pra mim, porque senão, você vai morrer a toa né? (sorriso)
Pelo menos sei que o resgate ele vai pagar.
CENA 03 (Anderson chega com a mala de
dinheiro e se depara com a filha)
ANDERSON: Minha filha... o que você tá
fazendo aqui?
RAQUEL: Olá papai..
ANDERSON: Te ligaram também? Meu Deus,
ainda bem que não é você... Você não tem ideia do quanto eu te amo. Te amei
desde o dia que você nasceu... Eu fiz de tudo prá te fazer feliz, prá você
crescer forte...
RAQUEL: Pois é, sua menininha cresceu
não é?
ANDERSON: Você é a única razão que
tenho prá viver... Eu te escolheria se fosse preciso, numa fila, se colocassem
um monte de crianças em uma fila para eu escolher, com certeza eu escolheria
você...
RAQUEL: Cala a boca, cala a boca que
quem vai falar aqui agora sou eu, só me deixa adiantar... você vai morrer hoje!
Nada mais justo né? dar literalmente a vida pela filhinha querida
(gargalhada)... Eu vou te contar um segredinho papai, eu tenho nojo de você, eu
tenho nojo de você desde a minha primeira memória quando criança, tenho nojo de
cada pedacinho seu, você é repugnante, velho maldito.. e sabe, eu acho que vou
estar fazendo o maior favor pra nossa família quando eu te matar, porque você
sabe não é? Você nunca foi amado por ninguém... até a mulher que você escolheu
para ser mãe dos seus filhos fugiu com outra (gargalha) velho, você foi trocado
por outra mulher, porque você não se matou logo? Teria me poupado de tanta
coisa.. você é tão imprestável e burro que não foi capaz de perceber que sua
própria filha, que esta todos os dias com você, estava armando tudo isso... ai
ai ai fracassado no trabalho, fracassado na família, fracassado no amor,
fracassado na vida... É isso que você é seu idiota, um FRACASSADO, e sabe o que
mais? (atira) um fracassado morto.
CENA 04
(Raquel entrega a mala de dinheiro para
Iasmin e liga para a polícia acusando-a)
IASMIN: Está tudo certo?
RAQUEL: Esta como combinamos,
aproveite! (espera Iasmin sair e liga para polícia) Socorro, eu preciso de
ajuda
10 de Fevereiro de 2015
Blade
Runner (no Brasil, Blade
Runner, o Caçador de Andróide)
baseado no romance Do Dream
of Electric Sheep?, de Philip K. Dick
Ano: 1982 dirigido por
Ridley Scott
ATIVIDADE: Descrição do Corpo
O Homem sendo interrogado: corpo tensionado, demonstrando
apreensão. Mostra no olhar a tensão imposta na cena. O movimento do tiro é
cortado e mostra já o homem na posição do disparo... As suas dúvidas, enquanto
personagem, aparecem na intensidade da fala e na rápidez das resportar. Durante
o filme seus olhos permanecem muito arregalados, mostrando sempre apreensão, os
músculos da face quase não se movem... o desvio do olhar é rápido... está sempre
vigiando para saber se não está sendo vigiado, olhando de um lado para o outro.
Os olhares nos personagem representam uma interpretação exagerada
da fala interna que fica quase audível (estou dirigindo uma nave espacial,
quero te matar, eu sei quem você é, etc...). Poucos movimentos corporais, muita
rigidez... Diferenciação dos andróides que conforme vão adquirindo sentimentos
ao longo do filme, os representa pela movimentação do corpo, mais rígido ou
mais relaxado.
O desvio rápido do olhar é muito usado para criar a sensação de
interpretaçao das mudanças de sentimento... a postura mais ereta do corpo
também (tristeza ou frieza imóvel)
O corpo não reage coerentemente à cena. Só se percebe pelo olhar.
Aula de 03 de Março
O Garoto da Bicicleta
Vimos o filme "O Garoto da Bicicleta" dos irmãos
Dardenne. Uma grande parte dos sentimentos do filme é mostrada no
trablaho de Thomas Doret, que interpreta Cyril, que somente com o olhar é capaz
de transmitir boa parte do tormento interior de seu personagem, num momento
crucial de contato com a sua fragilidade no mundo.
Utilizando técnicas para cinema de contenção (limpo),
neutralidade (sem expressar o que está pensanso) e intensidade
(super objetivo) o filme nos leva a refletir sobre a condição humana.
Nas cenas em que o personagem recebe as notícias que podem abalar
toda sua estrutura, o ator mantém a neutralidade e apenas com a intensidade do
olhar nos faz entender suas intenções.
Quando Cyril agarra-se a Samantha dentro do hospital e a mesma cai
no chão sendo apertada por ele, suas expressões continuam neutras,acompanhando
suas falas, mas contrapondo com a intensidade da cena.
http://youtu.be/TbSKYcXUMhQ -
trailler do filme "O Garoto da Bicicleta"
http://youtu.be/ED1fpkEzPq8 -
crítica da "Veja"... Ela até que fala bonitinho, mas tá mais para um
release da história do filme com alguns comentários.
10 de Março de 2015
Entre os Muros da Escola /
Entre les Murs
De Laurent Cantet, França, 2008
Com François Bégaudeau, Agame Malembro-Emene, Angélica Sancio,
Arthur Fogel, Boubacar Tore, Burak Özyilmaz, Cherif Bounaïdja Rachedi,
Esmeralda Ouertani
Roteiro François Bégaudeau, Laurent Cantet, Robin Campillo
Baseado no livro de François Bégaudeau
Produção Haut et Court, Canal +, Centre National de la
Cinématographie, France 2 Cinéma. Estreou em SP 13/3/2009.
Cor, 128 min
Filmado com três câmeras.
Um filme que deveria ser visto por todos aqueles que querem seguir
a carreira de professor. De estilo altamente naturalista, o roteiro de ficção
quase se confunde com um documentário. Entre os Muros da Escola ganhou
a Palma de Ouro em Cannes (foi o primeiro filme francês a levar o prêmio máximo
do festival em mais de 20 anos), teve indicação ao Oscar de melhor filme
estrangeiro; colecionou no total sete prêmios e sete indicações. Os segundos
cadernos dos grandes jornais brasileiros dedicaram páginas e páginas a ele.
Com tons de documentário utilizando os efeitos de real, de
bastidores, com naturalidade extrema, usando câmera na mão, recurso que dá mais
naturalidade as filmagens. Acontecem movimentos que parecem involuntários na
imagem com o "balançar da câmera". Os atores, tanto o professor
quanto os adolescente usam divisão de foco com objetos e "sombras" do
personagem, mexendo nos cabelos, coçando o nariz, comendo a tampa da caneta,
entre outros.
utiliza muito detalhes dos outros atores passando em frente a
câmera, dando um pequeno ar de sujeira o que torna o filme mais natural e
realista. Um "quê" de exagero nos movimentos de mãos e expressões nos
rostos dos alunos também completam o ar de realismo da obra, que tem um roteiro
construído a partir das situações que muitas vezes percebemos em sala de aula
real. Usa o efeito de texto vivo, com sobreposição de falas, os atores falam
juntos, numa sequência que não atrapalha a continuação e o entendimento do
roteiro.
Muitas vezes percebemos um flash de indicação da cena seguinte
como no momento em que dois meninos estão conversando, mesmo sendo o professor
insistente em ser o centro das atenções na aula, e logo na sequência o assunto
da conversa entra no roteiro. A câmera parece por muitas vezes estar
acompanhando o movimento do ator com pequenos balanços ou do objeto que está em
foco, acompanhando o seu percurso (como quando o professor chuta a cadeira e
ela cai no chão), como já citado.
O texto no total parece ter sido escrito em "escaleta",
ou esqueleto da cena, onde o roteirista coloca a sua idéia, o que ele quer que
o público sinta ou entenda da obra e daí pode-se criar quantos capítulos se
interessar de acordo com o desenvolvimento do trabalho ou o desenrolar das
ações. Se dá com o uso de falas improvisadas referentes à ação, no contexto da
cena. É um trabalho estrutural que deve ser feito de forma muito criteriosa
onde se coloca todos os fragmentos e possibilidades dramáticas que devem fazer
parte da ação, mas deixando os complementos da cena a cargo dos atores.
O filme traz a tona diversas questões sociais, de etnia, classe
social e de autoridade. O filme foca uma classe do oitavo ano de uma
escola pública da periferia de Paris, nos dias de hoje, e portanto com uma
forte presença de imigrantes e/ou filhos de imigrantes africanos, muçulmanos,
orientais, antilhanos. Acompanhamos o trabalho do professor de Francês,
François Marin (François Bégaudeau), também supervisor dessa turma de alunos;
vemos as relações entre os diversos professores, vemos as relações entre os
alunos. Cerca de 80% das seqüências são dentro da sala de aula; toda a ação se
passa dentro da escola.
A presença dos preconceitos aparentes nos próprios alunos e a
pertinência no assunto mostra o lado esquerdista do filme, que tenta mostrar
que por mais evoluído que seja o Pais (pois a França é um país de primeiro
mundo), possue questões de aceitação social como qualquer outro país, desde os
menos desenvolvidos, aos mais desenvolvidos.
Um dos fatores que facilitou a sensação de realismo, de
filme-verdade, é que o Ator François Bégaudeau, que interpreta o
professor, foi o roteirista do filme baseado em um livro de sua autoria. E para
completar, ele também foi professor, ou seja, conhecedor profundo da realidade
retratada no filme. Teve um laboratório real.
"Se o que vai dizer não é mais importante que o silêncio,
cale-se" (tradução da tatuagem do personagem "Souleymane",
interpretado pelo ator Franck Kelta)
Filme completo - Legendado
Uma crítica aos fatores
políticos tratados no filme, de menor importância para as questões de
interpretação mas como base referencial para as intenções de algumas cenas:
17 de
Março
Taxi Driver
Roteiro: Paul
Schrader
Direção: Martin Scorsese
Elenco:
Robert De Niro como Travis
Bickle
Cybill Shepherd como Betsy
Jodie Foster como "Easy" (Iris Steensma)
Peter Boyle como "Wizard"
Harvey Keitel como "Sport"
Leonard Harris como Senador Charles Palantine
Albert Brooks como Tom
Martin Scorsese como passageiro do táxi de Travis
Victor Argo como dono de mercado
Steven Prince como "Easy Andy", vendedor ilegal de armas
Cybill Shepherd como Betsy
Jodie Foster como "Easy" (Iris Steensma)
Peter Boyle como "Wizard"
Harvey Keitel como "Sport"
Leonard Harris como Senador Charles Palantine
Albert Brooks como Tom
Martin Scorsese como passageiro do táxi de Travis
Victor Argo como dono de mercado
Steven Prince como "Easy Andy", vendedor ilegal de armas
De Niro faz o primeiro filme de Scorsese em 72 "mean
street" e De Niro sugere ao diretor um estilo de direção. "eu
quero mostrar a ação da forma mais verdadeira
possível!!!" solidão , frustração, ansiedade e medo. Jodie Foster
relata que foi a transição dela de atriz mirim para atriz adulta. "Foi o
filme mais difícil que fiz em estúdio, os estúdios estavam cansados de
copiões"... Depois trabalharam juntos de novo De Niro e Scorsese, agora
com Lisa Minelly em N.Y. N.Y.!
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