domingo, 4 de outubro de 2015

ATIVIDADES PERFORMÁTICAS - MEDUSA

Turma AC4N

Título: Medusa

Uma das Górgonas, filha de Fórcis e Ceto, a Medusa era uma bela sacerdotisa do templo de Atena, que foi estuprada por Poseidon. A Deusa não se compadeceu e castigou a górgona transformando-a em um ser abominável que ao simples olhar transformaria qualquer homem em pedra. A performance começou com a ideia de brincar nas faixas de trânsito, mas não brincadeiras comuns, era praticamente um jogo com o semáforo, uma disputa entre pedestres e carros onde o tempo de corrida é definido pelas cores verde e vermelho. Assim como a Medusa, um simples olhar, ou o som de um carro acelerando pode te fazer correr de medo ou paralisar.
A performance consistia em na hora que o semáforo fechasse para os carros, ao alunos/atores performáticos fariam a corrida do saco. A primeira corrida foi uma investida ceia de nervosismo, apreensão e medo. Ainda não tínhamos a noção do tempo que levaríamos para atravessar a pista, e se os carros esperariam nossa travessia. Tornou-se um misto de emoções para todos tanto participantes da corrida, quanto aqueles que estavam só olhando e até mesmo para os motoristas que estavam parados na faixa, que não sabiam se aquilo aconteceria apenas durante a luz vermelha ou se continuaríamos atrapalhando o trânsito mesmo na luz verde.
Assim a primeira parte da performance foi para experiência, um teste de tempo. Sentimos mais segurança a cada travessia e mesmo alguns motoristas ameaçando avançar o sinal com suas falsas aceleradas, continuamos confiantes e seguindo com o jogo no tempo do sinal, começamos a enfrentar o monstro que nos paralisa todas as vezes que temos que atravessar na faixa de pedestre de uma via muito movimentada. Então o grupo de atores resolveu mudar a brincadeira, tornando-a mais intensa. Vários jogos iam se intercalando no período da luz vermelha: morto/vivo, estátua, cabra-cega... E até uma parte de coreografia foi feito sob o símbolo representativo deste monstro que aterroriza a vida dos homens de um mundo arcaico nas histórias de Ésquilo, Píndaro, Ovídio, etc...
Se podemos tratar performance como um trabalho artístico didático, esta apresentação em questão nos trouxe algumas lições de respeito ao próximo, solidariedade e educação para o trânsito. Carros param em cima do espaço que é destinado a travessia do pedestre, outros que em um ato de impaciência aceleram, ou buzinam para pedestres que usam todo o tempo do farol pra fazer sua travessia, e ainda os ciclistas que não respeitam o momento de travessia do pedestre.
Realizamos mais de dez travessias divertidas com jogos, corridas, coreografias e brincadeiras que divertiram muitos, irritaram outros e em cada mudança na cor do farol uma nova emoção e mais uma lição. Aprendemos, compartilhamos, ensinamos e performamos.
Muitos trabalhos performáticos de cunho didático pedagógico são realizados para que pedestres e motoristas tenham uma melhor consciência de solidariedade no trânsito, muitos mostrando a necessidade de se atravessar na faixa, outros mostrando a responsabilidade de aguardar o sinal para a travessia, mas em nosso caso era apenas um jogo. Uma performance sem um motivo específico, sem uma lição previamente definida. Queríamos apenas jogar e brincar no tempo que nos era oferecido pela cor do sinal. Vermelho para os carros, início do nosso tempo de atuar, performar. E mesmo sem intensão, tiramos conclusões sobre a importância de uma boa educação e de ações voltadas para a educação no trânsito. E assim terminamos ali, mas não concluímos o trabalho... Surgiu a hipótese de irmos para outro lugar, e decidimos jogar morto/vivo no ponto de ônibus... Só para distrair.
Tinham poucas pessoas, mas foi o suficiente para notarmos algumas reações. Uma senhora se afastou do grupo assim que começou o jogo e comentou que ficou assustada, pois aquilo não era uma coisa comum de se ver. Alguns riam, outros simplesmente faziam de conta que nada estava acontecendo. E nossa proposta foi realizada... Queríamos jogar e jogamos. Não trouxemos aqui nenhuma lição de moral ou orientação para qualquer ação ou atitude humana. Apenas brincamos um pouco e terminamos saindo cada um para seu destino. Se não há necessidade de intensão prévia na performance, então nossos objetivos foram atingidos. Improvisamos e mostramos arte. E a cada trabalho realizado, mais nos aproximamos de um conceito mais aberto e amplo que não se define em palavras. Construímos conceitos imagéticos sobre um tema de discussão ampla entre muitos que tentam de uma forma ou outra definir esta arte que está em expansão no meio cultural.

Vídeo do trabalho: https://www.youtube.com/watch?v=SmDJ-m6vNEo









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