Registros de atividades artísticas, culturais e educacionais. Relatos de experiências em sala de aula, na coordenação escolar e na realização de projetos educativos e artísticos.
domingo, 11 de novembro de 2018
domingo, 6 de maio de 2018
JOGOS TEATRAIS 2018
JOGO TEATRAL
Por Anderson Lima
aulas da Pof. Dra. Rejane Arruda
PRÓLOGO
Nesta
disciplina, alunos/atores irão experimentar jogos e técnicas teatrais para o
aprimoramento da expressão pessoal. Todos nos comunicamos com os nossos
olhares, com o nosso rosto-máscara e com o nosso corpo, mas nem sempre temos
oportunidade de colocar uma lente de aumento e experimentar novos modos de
utilizar estes recursos que carregamos conosco todos os dias. A nossa presença
corporal pode ser expandida à medida que tomamos consciência de como nos
movemos e nos colocamos no espaço, individualmente ou na relação com outras
pessoas. A expressividade e a capacidade de observação e escuta serão estudadas
e trabalhadas, com ludicidade.
A
fala interna, a consciência de regras, a interação consigo e com a turma.
Começamos o semestre, eu, diferente do restante da turma, em meus últimos dias
como graduando, fomos apresentados a Viola Spolin, organizadora do fichário de
jogos teatrais amplamente usado por professores em aulas de teatro e na
preparação de elenco de muitos espetáculos.
- “Mais que um método para atores e também para o ensino de teatro para crianças, o trabalho de Spolin pode ser considerado altamente social. Nascida em 1906, em Chicago, Viola Spolin foi uma das pioneiras do teatro improvisacional, influenciando até hoje diversas companhias. Seu trabalho foi diretamente influenciado por Neva Boyd, de quem foi aluna em 1924 e depois como supervisora no Recreacional Project, em Chicago. As experiências com Neva foram fundamentais para a concepção do sistema de Jogos Teatrais que criaria futuramente.”
As
aulas de “jogos teatrais” me ensinam mais enquanto observador do que enquanto
atuante. Essa afirmação parte de uma expectativa de entendimento que pode ficar
muito mais distante do que ela realmente é. Não questiono a prática quando digo
isso, mas o meu processo. Fiquei intensamente encantado com a predisposição dos
alunos do primeiro período em assumirem os papéis propostos. Me super encantei
com a habilidade nata de muitos em se adequarem as regras de jogo. Por mais que
eu tenha consciência do exercício, acabava me deixando vislumbrar pela
participação dos novos alunos atores.
A GÊNESIS (PRIMEIRA E SEGUNDA AULA)
A
aula, que sequencia uma proposição de voz, vem com energia e toda uma
mobilidade cênica devido aos aquecimentos já participados da aula anterior. As
regras vão ficando claras, pois logo no primeiro momento os próprios alunos as
determinam. A ideia do sorteio de regras para cada grupo participante, na hora
de entrar no jogo, o torna ainda mais interessante e a interação da turma, que torce
para que o jogo funcione, faz com que tanto plateia quanto atuantes sejam um
grande espetáculo de se ver.
A
primeira aula foi destinada a orientação sobre o funcionamento de um jogo
teatral. Exemplos, teorias, técnicas... As atividades pareciam até fáceis, pois
muitos artistas tem no jogo uma grande expressão de seus trabalhos. A inovação
da arte de divertir dentro do teatro expande a quarta parede e atinge o público
que define caminhos para que o espetáculo aconteça. Jogos simples que podem
preparar um grande elenco para um grande espetáculo e pode se transformar em
uma aula criativa para crianças das séries iniciais.
O ÊXODOS (AS AULAS DE FEVEREIRO E MARÇO)
As
aulas de fevereiro e início de março foram bem descontraídas. O reconhecimento
da turma entre si, as formações de grupos e os testes e experimentos fizeram
parte ativa das aulas. Divididos em pequenos grupos para reconhecerem os
“Quem’s?” “Onde’s?” e “O Que’s?”. Participei da preparação vocal que antecedeu
a aula de jogo e percebi a grande importância do aquecimento prévio. A energia
veio em dobro e os grupos já estavam com sede de jogo. Fiz grupo com Lena e
Lucimar e tínhamos como regra o toque para mudarmos a velocidade da fala. O
mais interessante foi a forma de termos as regras e a cena. Sorteios
aleatórios, o que fez que fôssemos criativos para dar forma. No clique da ação
contemplada o dispositivo do jogo liga automaticamente. Temos uma ação física
para determinar uma reação. A fala interna é ágil e completa a ação. Nem sempre
conseguimos falar o que pensamos. A preocupação com a regra ainda é privativa.
Em um determinado momento de jogo, as ações se tornam automáticas e toda ação
reflete a regra, que começa a fazer parte do corpo do personagem, de sua
história de vida, de suas características.
SALMOS E CÂNTICOS (AULAS DE ABRIL)
O
tempo com a repetição e o treino no jogo imprimiu novos rumos aos personagens
de cada aluno/ator, que nas aulas da segunda quinzena de março e do mês de
abril estavam buscando personagens para construção e produção de um espetáculo
performativo. As regras do jogo permanecem, de forma mais fluida. Existe agora
um jogo de cumplicidade, de olhares e ações mais espontâneas que completa a
cena de acordo com a participação do personagem e na sua interação com o outro.
Minha prática no jogo não foi criar personagem ou cena, apesar de
entender que a função que assumi nada mais é do que um de meus múltiplos
personagens... Primeiro comecei como voyeur, fazendo o registro em vídeo das
entrevistas. Levei um personagem, mas minha gratificação maior foi no vislumbre
dos outros alunos/atores.
O NOVO TESTAMENTO (MAIO)
Quando o encontro foi para o Teatro Municipal, dentro de meu
reduto, me senti a vontade para auxiliar os meninos e meninas como
contrarregra. Acionar a máquina de fumaça, buscar extensões de energia, juntar
material espalhado, ligar o som e aumentar e baixar o volumo segundo as regras
da direção... Fico realizado em ver o trabalho fluindo, ver a realização e o
brilho nos olhos com o prazer dos alunos em montar uma cena, ou criar uma ação.
Fiz o registro fotográfico de poucas cenas, auxiliei no trato da luz e na
operação de som. O mínimo que poderia ser feito.
Espero que minha contribuição possa abrilhantar muito mais o
trabalho realizado.
Por Anderson Lima
JOGO TEATRAL
(2º Bimestre)
JOGO TEATRAL
(2º Bimestre)
Por Anderson Lima
aulas da Prof. Dra. Rejane Arruda
O Evangelho
Ainda em maio, com os ensaios acontecendo no Teatro Municipal de Vila Velha, a proximidade da turma foi aumentando... Acabei começando a me sentir de verdade parte da turma. Apesar de estar me dividindo entre a turma do ultimo período e a do primeiro, estou em nível de aprendizado e conhecimento paralelo aos dois. Estou tendo vivências de um nível de diferença totalmente divergentes.
Foi uma experiência marcante presenciar o nascimento de um espetáculo com jovens atores iniciantes, sendo ouvinte na concepção.
Depois de muitos anos dirigindo e atuando em espetáculos, assumir o papel de assistência é realmente desafiador. Vi durante o processo a construção e desconstrução de várias cenas e de vários episódios. Pensar junto à direção de como seria a luz, pois não tínhamos em mãos equipamentos suficientes para os testes foi um dos momentos mais criativos do meu processo. Anotar entradas e saídas tendo nomes que eu desconhecia como referência.
Sentir a cada momento o crescimento do personagem dentro do ator, ver ele tomando forma a partir dos ecos que consumiam a presença da pessoa, desnudando os sentimentos e formando ações. Vi aparecer sussurros que estavam contidos, gritos antes abafados, desejos e reações explodindo em todo percurso da obra. As idéias vinham como tempestade e a direção tinha que administrá-las apenas com um pequeno guarda-chuvas. Quase quarenta cabeças... Todas na intenção de se salvar, de fazer o "PARAÍSO" seu êxtase.
E como todo Gênesis principia um Apocalipse, estávamos eu, assistindo a tudo, dando meu apoio físico; Rejane, dirigindo, orientando, ensinando e psicanalisando ao final de cada aula/ensaio... E os alunos/atores, aprendendo e construindo ou construindo aprendendo... Construindo seus movimentos corpóreos, divisando entre atividade interior e limites externos ou movimentos externos. Notava-se pontualmente os alunos procurando, mentalmente visualidades para suas personagens, os olhares, as atitudes. Eram perceptíveis as irritações. Como era perceptível a alegria da cena concluída.
Despir-se da indumentária tradicional e experimentar as vestes de outro, aquele que na realidade visual não existe, mas pode ser um desejo oculto. Uma ansiedade de coexistir pode trazer à vida um personagem aparentemente fictício. Pude ver a criação da aparência externa dos papéis a partir do jogo proposto. Ser e estar presente eram regras básicas para o desenvolver de cada cena, de cada ação...
APOCALIPSE (PerformaES)
Só para justificar, não cito apocalipse como fim do mundo, nem como algo ruim, mas sim como o limite findo do processo e a tão esperada entrada no "PARAÍSO". Apenas uma analogia simbólica ao nome. Todo o meu relato foi relacionado a livros bíblicos apenas porque o nome do espetáculo também faz referência ao local bíblico que todos anseiam estar. Entender se este paraíso é ou não é bom para todos seria filosofar no tema da dramaturgia, contudo, meu foco aqui foi apenas desenhar textualmente como vi a construção da obra.
Poderia folclorear muito mais, poderia construir cenas lúdicas cheias de catarse, com efeitos visuais mágicos e simbólicos como reflexão de chamas no bordel, anjos e demônios em guerra constante... Várias imagens e referências que poderiam ilustrar diferentes paraísos. Mas o naturalismo da obra e força da imagem interior criada por cada ator e refletida nos gestos e nas ações físicas tornou o trabalho ímpar... Ímpar e singular! Me senti honrado de participar dessa montagem com um grupo de alunos do primeiro período, ou como eu diria: "do primeiro contato".
Ver o início da vida acadêmica ser agraciada com uma obra polêmica, desafiadora e totalmente despudorada. Não houve medo de mostrar, de agir e de fazer. Uma obra que deve ser patenteada e gerar royalties. Me senti confortável em "PARAÍSO" e, mesmo não sendo nenhum "guru do futuro" ou acreditar em destinos, digo que o "destino" desses novos atores é uma carreira com desafios transpostos e conquistas grandiosas... Muita coisa criativa e instigante aparecerá nas montagens desses desafiadores pós-modernos!
Foi uma experiência marcante presenciar o nascimento de um espetáculo com jovens atores iniciantes, sendo ouvinte na concepção.
Depois de muitos anos dirigindo e atuando em espetáculos, assumir o papel de assistência é realmente desafiador. Vi durante o processo a construção e desconstrução de várias cenas e de vários episódios. Pensar junto à direção de como seria a luz, pois não tínhamos em mãos equipamentos suficientes para os testes foi um dos momentos mais criativos do meu processo. Anotar entradas e saídas tendo nomes que eu desconhecia como referência.
Sentir a cada momento o crescimento do personagem dentro do ator, ver ele tomando forma a partir dos ecos que consumiam a presença da pessoa, desnudando os sentimentos e formando ações. Vi aparecer sussurros que estavam contidos, gritos antes abafados, desejos e reações explodindo em todo percurso da obra. As idéias vinham como tempestade e a direção tinha que administrá-las apenas com um pequeno guarda-chuvas. Quase quarenta cabeças... Todas na intenção de se salvar, de fazer o "PARAÍSO" seu êxtase.
E como todo Gênesis principia um Apocalipse, estávamos eu, assistindo a tudo, dando meu apoio físico; Rejane, dirigindo, orientando, ensinando e psicanalisando ao final de cada aula/ensaio... E os alunos/atores, aprendendo e construindo ou construindo aprendendo... Construindo seus movimentos corpóreos, divisando entre atividade interior e limites externos ou movimentos externos. Notava-se pontualmente os alunos procurando, mentalmente visualidades para suas personagens, os olhares, as atitudes. Eram perceptíveis as irritações. Como era perceptível a alegria da cena concluída.
Despir-se da indumentária tradicional e experimentar as vestes de outro, aquele que na realidade visual não existe, mas pode ser um desejo oculto. Uma ansiedade de coexistir pode trazer à vida um personagem aparentemente fictício. Pude ver a criação da aparência externa dos papéis a partir do jogo proposto. Ser e estar presente eram regras básicas para o desenvolver de cada cena, de cada ação...
APOCALIPSE (PerformaES)
Só para justificar, não cito apocalipse como fim do mundo, nem como algo ruim, mas sim como o limite findo do processo e a tão esperada entrada no "PARAÍSO". Apenas uma analogia simbólica ao nome. Todo o meu relato foi relacionado a livros bíblicos apenas porque o nome do espetáculo também faz referência ao local bíblico que todos anseiam estar. Entender se este paraíso é ou não é bom para todos seria filosofar no tema da dramaturgia, contudo, meu foco aqui foi apenas desenhar textualmente como vi a construção da obra.
Poderia folclorear muito mais, poderia construir cenas lúdicas cheias de catarse, com efeitos visuais mágicos e simbólicos como reflexão de chamas no bordel, anjos e demônios em guerra constante... Várias imagens e referências que poderiam ilustrar diferentes paraísos. Mas o naturalismo da obra e força da imagem interior criada por cada ator e refletida nos gestos e nas ações físicas tornou o trabalho ímpar... Ímpar e singular! Me senti honrado de participar dessa montagem com um grupo de alunos do primeiro período, ou como eu diria: "do primeiro contato".
Ver o início da vida acadêmica ser agraciada com uma obra polêmica, desafiadora e totalmente despudorada. Não houve medo de mostrar, de agir e de fazer. Uma obra que deve ser patenteada e gerar royalties. Me senti confortável em "PARAÍSO" e, mesmo não sendo nenhum "guru do futuro" ou acreditar em destinos, digo que o "destino" desses novos atores é uma carreira com desafios transpostos e conquistas grandiosas... Muita coisa criativa e instigante aparecerá nas montagens desses desafiadores pós-modernos!
por Anderson Lima
23 de Junho de 2018
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