terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Muitas Faces... Um Coração

Não sei bem definir o momento em que percebi que cada um deles tem seus próprios pensamentos, seus sentimentos... Suas expressões, medos e desejos. Cada um sabe o que quer, mesmo aquele que ainda não tem coragem de assumir, ou, se mostrar ao mundo. No início eu os confundia, acreditava que eram frutos da imaginação fértil da insanidade. Os percebia, e mesmo sentindo a diferença entre um e outro, ainda não os separava... Em verdade, mesmo hoje não consigo sentir com muita clareza a passagem de um para outro, apenas sei que são diferentes quando chegam no auge de sua personalidade. Tento educá-los para que todos tenham seu espaço.
Antes eram dois, mas entendi que eram mil. De segundo em segundo eles cedem espaço uns aos outros construindo um mundo "realginário" repleto de ações e reflexos pertinentes ao que faz parte daquela tal realidade. Não fogem do comum, pois todos temos nossos desejos ocultos, que no íntimo de nossas mentes sempre são reais. Imaginar as realizações de um ganhador de grande prêmio em dinheiro cria ilusões Hipnóticas, ou Morféticas, gravando em sua psiquê imagens tão reais quanto a realidade aparente aos olhos. Em uma tentativa de tornar seu Fântaso parte de sua vida, este cria nova vida dominada por Ícelos que acaba destruindo seu final feliz, trazendo-o de volta, não ao verdadeiro, mas ao mais provável, ou aquele que tem mais probabilidades. Suas fantasias então se aproximam mais dessa aparente real, cheia de dificuldades e perseguições, constituindo a partir daí outro novo ser pensante, andante, vivente...
E cada vez que um pensa e cria seu mundo, e os problemas desse mundo ocupam seu verdadeiro espaço, um novo ser se elege resolvedor das situações afligentes ao ser anterior. um ciclo vicioso que tende apenas a crescer em proporções geométricas. A visão, audição, forma de andar e tratar os outros... Imperceptível aos olhos externos, mas começando a ser sentido e quase definido. Não são iguais, mas parecidos pois compartilham de um mesmo ser corpóreo. Não veem as mesmas coisas, pois cada um enxerga o mundo como seu e da maneira que ele cria, cada forma tem uma apropriação que apenas seu criador entende... Digo criador não como imaginário, mas como Criador... Aquele que deu a esse universo íntimo um sopro de vida. Cada um desses novos seres nascidos um do outro tem suas próprias vozes e visões que os instruem em sua trajetória levando-a a agir com vigor de sua personalidade. Seus objetivos não se cumprem com tanta facilidade porque eles ainda não conseguiram dividir seu tempo... Mas isso é uma questão de relacionamento entre eles,que pode ser sanada com a percepção consciente da presença de um ou outro.
Começo a ter um pequeno controle sobre as aparições (ou trocas), quando entendo que um está atrapalhando o desenvolvimento do outro. Então antes de decidir por um ou por outro, dou chances a todos... cada um tendo seu tempo e em breve todos poderão viver, ou existir sem que isso prejudique a existência do outro. já tive a crença de que todos eram apenas um... Um que ilusionava fatos psicóticos e o tormento o transtornava, mas já consigo entender que são várias faces compartilhando o mesmo coração, como se o pulso fosse um sistema de ar condicionado central que insufla vida a cada uma das salas de um sistema operacional de uma grande empresa. Cada sala com seus objetivos e seus problemas a serem resolvidos. Cada uma com sua função e sua maneira de conduzir seu trabalho. Então percebo que ele não ilusiona e sim vive e o tormento não o transtorna e sim o transforma, o recria.
OS ESTÁGIOS:
Primeiro - afastamento... isolamento...
Segundo - medo...
Terceiro - delírios... realidade x ilusão
Quarto - alucinações... ilusão = realidade
e na sequencia vem a aceitação, a compreensão, a convivência com o ser interior (ou seres) e com as vozes e imagens que são dádivas apenas dadas aos "portadores" da esquizofrenia. Dons de vislumbre do futuro, ou de uma realidade paralela... Um presente que acompanha o presente, mesmo não fazendo parte da vida dos outros.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Apresentação - 18 de Fevereiro - O Pesadelo do Terceiro Milênio



A JC Produções apresenta: "O Pesadelo do Terceiro Milênio"

O texto de Anderson Lima é um ensaio sobre a esquizofrenia com nuances de um terror vampiresco. Um ser "no sense" que em suas alucinações acredita que Deus o escolheu para ficar em seu lugar... Psicopata assassino e paranóico passeia por seus delírios regados de sangue e morte enquanto narra sua infância problemática e escreve um novo livro de Leis espirituais que ele chama de nova Bíblia baseada em suas teorias de certo e errado. As sombras que o perseguem e as vozes que ecoam em sua mente o direcionam em sua jornada de sublimação divina. O autor se apropria de trechos Santos e profanos em alguns momentos o que tornam a experiência da atuação mais tensa e marcante. A crença do personagem de que tudo que ele faz está autorizado por um Deus que ele "ilusiona" como material em feitiços e orações lunáticas criadas para a invocação de um "big bang" em seu interior, o faz aterrorizar enquanto clama pela atenção do público.

Serviço:


Texto, Atuação e Direção de Anderson Lima

Data: 18 de Fevereiro de 2016

Horário: 20 horas

Ingressos: R$ 30,00 inteira - R$ 15,00 meia

Local: Centro de Artes Ulysses Cavaliéri

Produção: "JC Produções"

Contato: José Celso Cavaliéri - 999 087 044

https://www.facebook.com/events/1711947955684291/

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

multiparidade da psicose no amor de carnaval

Acredito piamente nas várias faces da psicose....
viver sem medo não faz parte do dia-a-dia de um psicótico, mas não por isso que se extingue o senso de viver. Faz parte do relicário diário, experiências "propositórias" e "satisfatadas".... Digo no sentido da busca de um novo sentimento, acompanhado do medo do desconhecido que antes era prazer, mas que pode em deliberados impulsos tornar-se compulso de retorno ao ninho. Impedindo o ser "nosense" de viver ou sobreviver em um novo território psíquico. Ilusionando novos ares pode perder os ventos propositados ao momento em constantes involutórias que no provável presente não soprarão mais. Amar, no sentido fluido, deve ser aproveitado enquanto se faz presente o receptáculo... ou o doador. Se me entendem os filósofos bacantes, sabem de qual orgasmo me faço no relato, entendendo que no retorno ao sacro espaço, irei a procura do parceiro imediato que ao surgimento da aureola de Apolo, dispensarei sem piedade. Esse é o relato fatídico do amor de carnaval, que vem como raio de Zeus, ao encalço de meros mortais, para prová-los apenas que a carne, nesse momento, vale mais que ouro negro ou dourado, pois o entorpecer da sanidade toma conta do sagrado receptáculo da alma.