Anderson Lima

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Um show com tons de vampiro intriga o público do Basament Cultural

 texto de: Lorenzo Bonuomo | 5º ano de Jornalismo da Universidade Positivo

30 minutos de emoção delirante. Anderson Lima interpreta o papel e a mente de uma pessoa com esquizofrenia em um monólogo carregado de adrenalina. E o faz com uma expressividade e uma ênfase que deixa o espectador literalmente atordoado. Se você acha que 30 minutos de monólogo podem se tornar entediantes, está muito errado porque Insanos é, sem sombra de dúvida, um dos espetáculos mais dramáticos e perturbadores de todo o festival.

A esquizofrenia é uma psicose crônica caracterizada pela persistência de sintomas de alteração das funções cognitivas e perceptivas, com mudanças no comportamento e afetividade e um forte desajuste da pessoa.

Através de uma expressão facial estupenda, olhares alucinatórios, gestos desconexos e agitados, Lima leva o espectador a 360 graus na psique distorcida de uma pessoa que sofre desse distúrbio. Insanos nesse sentido é muito mais do que apenas um espetáculo: pode ser definido como um trabalho de divulgação científica, um documentário real que mostra o drama da esquizofrenia da maneira mais direta e eficaz possível. Os pensamentos obsessivos, a paranoia, o distúrbio cognitivo, tudo isso é representado no palco de uma forma louvável.

Além do show em si, é igualmente interessante conhecer as origens por trás desse monólogo extraordinário. Elas podem ser encontradas diretamente nas histórias de vida pessoal de Anderson. O ator foi diretamente até uma pequena entrevista após a apresentação e revelou-nos o que o levou a fazer este tipo de trabalho. Bem, você ficará surpreso ao saber que o próprio Anderson Lima teve um pequeno problema de “acesso à esquizofrenia” em 2003. Entre 2003 e 2004, Lima encontrava-se regularmente com um psiquiatra para tratar o distúrbio. Uma vez que o problema tinha sido superado com sucesso, a ideia de representar a esquizofrenia em um estágio começou a florescer dentro dele.

Em 2015, Anderson se matriculou em um curso de psicopatologia forense, que ele seguiu em paralelo com sua carreira no mundo do teatro. Assim, ele obteve a possibilidade de auxiliar diretamente os psiquiatras na condução de sessões com indivíduos portadores de transtornos mentais. Foi desse modo que começou uma longa busca, com duração de mais de 14 anos, entre clínicas, tratados médicos, observações empíricas e entrevistas com psiquiatras, ao final dos quais a realização de Insanos foi enfim concluída. E o resultado foi extraordinário.

Em sua jornada pelos aspectos mais perturbadores da psique humana, Anderson relata as 4 fases da esquizofrenia. Eles variam da ansiedade de morrer ao desejo de ser Deus e salvar o mundo inteiro, passando por pensamentos assassinos. Tudo acompanhado de efeitos sonoros, fundamentais para tornar a ideia do diálogo perverso que se estabelece entre o “ego consciente” e o subconsciente. Tudo parece como um “clímax” de crescente tensão emocional.



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