

Reduzi, não lembro bem porque, a peça para uma esquete de quatro atores (2006) e aglutinei as falas, mexi um pouco na história... Ensaiei, mas nunca apresentei, porque os efeitos especiais ainda estavam me fazendo acreditar que eu faria cinema no teatro. Voltei então para o modelo original e tentei outro teste de elenco (2008). Foi perfeito. Tinha a quantidade de elenco que eu precisava. Todos apaixonados pelo lúdico e pelo tema. mas mesmo depois de muitas leituras eu não conseguia ver meus personagens aparecendo... Acredito que o defeito estava mais em mim do que nos atores... Acho que as loucuras dos personagens que me inspiraram ainda estavam nas minhas memórias. Então desisti... em 2011 o espetáculo foi contemplado com Lei de incentivo cultural... e finalmente eu poderia fazer o que queria, o que havia sonhado... construir os palcos elevados, com roldanas e camas elásticas, cabos de aço... figurinos estilo Broadway. Mas dos 90 mil orçados, tive apenas 25 mil... valor que pagaria apenas o palco... Mesmo assim, fiz teste de elenco, comecei os ensaios, reformulei o texto... Mas, os atores, apesar de todo empenho que tinham, não mostravam a loucura que eu queria. Tentei, troquei o elenco, reduzi os personagens... Não adiantava...
Então chegou 2015... o dinheiro do financiamento já havia acabado e eu acumulado tecidos, figurinos e recibos... Então Drácula surgiu dentro de mim... Um insano, maníaco depressivo que conta sobre crimes que não sabemos ao certo se foram cometidos ou se são apenas desejos ocultos... o texto é o mesmo, apenas adaptado... e parece que sempre havia sido escrito para um ator. As falas se encaixavam, a história possuía uma sequencia lógica... Dizer que é um texto claro seria mentira, pois é sobre um esquizofrênico, que muda de ideia, mas sempre volta ao seu roteiro principal... Os traumas e os motivos pelos quais comete os assassinatos, a briga com a igreja, a ideia do anticristo... A determinação de ser um novo deus.
O cenário engloba a mente do personagem em um ambiente todo branco, com objetos cobertos por tecidos finos que os deixam parcialmente aparentes, com pouca iluminação, muita sombra e uma cortina de organza que fica entre a plateia e o palco, deixando público virtualmente de fora da mente do personagem. Durante o espetáculo ele escreve seus testamentos em um novo livro, construindo o que ele diz ser uma nova Lei mística para a redenção das almas. Ele provoca autoflagelação, cortando os pulsos referenciando a crucificação, comparando-se a Cristo enquanto se confirma como filho de Deus e usa seu sangue para um novo ritual de comunhão. O texto não encontra seu fim, pois se torna cíclico quando ele termina com a previsão de seu apocalipse e loucamente o reinicia, como se, para ele, aquela história fosse recontada todos os dias...
"O Pesadelo do Terceiro Milênio". O texto de Anderson Lima é um ensaio sobre a esquizofrenia com nuances de um terror vampiresco. Um ser "no sense" que em suas alucinações acredita que Deus o escolheu para ficar em seu lugar... Psicopata assassino e paranóico passeia por seus delírios regados de sangue e morte enquanto narra sua infância problemática e escreve um novo livro de Leis espirituais que ele chama de nova Bíblia baseada em suas teorias de certo e errado. As sombras que o perseguem e as vozes que ecoam em sua mente o direcionam em sua jornada de sublimação divina. O autor se apropria de trechos Santos e profanos em alguns momentos o que tornam a experiência da atuação mais tensa e marcante. A crença do personagem de que tudo que ele faz está autorizado por um Deus que ele "ilusiona" como material em feitiços e orações lunáticas criadas para a invocação de um "big bang" em seu interior, o faz aterrorizar enquanto clama pela atenção do público.
Serviço:
texto, atuação e direção de Anderson Lima
data: 23 e 24 de Janeiro de 2016
horário: 20 horas
Local: Rua Sete de Setembro, 529 - Centro de Artes Ulysses Cavaliéri
Produção: "JC Produções"
contato: José Celso Cavaliéri - 999 087 044
texto, atuação e direção de Anderson Lima
data: 23 e 24 de Janeiro de 2016
horário: 20 horas
Local: Rua Sete de Setembro, 529 - Centro de Artes Ulysses Cavaliéri
Produção: "JC Produções"
contato: José Celso Cavaliéri - 999 087 044
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