sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Cavaliéri.. Uma Lição de Arte... Uma História de Vida!

Em 04 de Setembro de 1967 nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais uma figura que viria a ser conceituada e reconhecida no meio cultural e artístico da Grande Vitória, senão do Espírito Santo... José Celso Queiróz Cavaliéri, figura conhecida na Rua Sete de Setembro e entre os artistas e técnicos de diversão. Formado em Educação Artística pela UFES começou a vida profissional lecionando, mesmo antes de ser licenciado. Professor que deu a vida pela educação e quando resolvido em sua área foi disputado por diretores de escolas da rede pública e privada de nossa região.



Agora com uma conversa mais intimista... Eu conheço JC desde 1994 e desde então começamos a trabalhar juntos... E assim começa nossa história de arte, lição de vida... JC resolveu trabalhar com teatro... E tudo começou porque fazendo um trabalho na escola, acredito que uma pesquisa sobre agentes artísticos capixabas, ele se tornou íntimo do elenco de "Por Favor Matem Minha Empregada", peça de teatro capixaba dirigida e estrelada por Wilson Nunes, pois uma das atrises do elenco fez um workshop na escola. JC não via óbice em realizar apoio ao espetáculo e começou convidando seus alunos e amigos para assistirem a peça. Eu mesmo vi mais de dez vezes.



E foi assim que começou um trabalho que traçaria uma carreira promissora e cheia de altos e baixos, alegrias e conflitos, lucros e prejuízos. Como todos que se decidem em seguir a carreira artística. E porque arte? Qual seria realmente a grande importância da arte? Por que? Prá que? Prá quem?...
Essas questões talvez nunca tenham uma resposta clara, mas é certo que todos precisamos, em algum momento de nossa vida, da presença de um artista. O mundo capitalista em que vivemos nos obriga a trocar o suor de nossa labuta pela subsistência. Manter o corpo e a mente sempre ativos para produzir o fruto necessário para o consumo que produzirá a energia necessária para que este ciclo infinito dure enquanto a luz da vida brilhar em nós... E pode ser que aí venha a necessidade da arte, o alimento da mente cansada do ciclo, necessitando de um saber com sabor diferente. Me dirijo aqui a arte como entretenimento, mas vale lembrar da sua importância enquanto detentora de muitos conhecimentos. Voltando ao nosso tema... CAVALIÉRI...
JC resolveu então que dedicaria sua vida ao teatro... Na verdade ele dedicaria a vida fazendo arte de entretenimento, e talvez até algum conhecimento, para aquelas mentes que estão necessitadas de diversão. Depois de algumas produções executivas, iniciou sua primeira grande produção: "Sexo, Drogas e Rock'n Roll".
O texto é uma releitura do espetáculo "Sonho Dourado" de direção de um novo amigo, Dilson Mayron, de BH. E assim começa a visibilidade. O espetáculo estreia no Glória, com um público de mais de 850 pagantes. E o elenco era fantástico: Stael Magesk, Nivia Terra, Daiana Cordeiro, Diego Carneiro, e muitos outros nomes que seguiram ou não a carreira artística. Neste mesmo período eu comecei com o projeto de formação em teatro (GETA).



Nasceu aqui não apenas um artista, mas um fomentador das artes, uma figura que não tem freios quando tem que arregaçar as mangas e produzir. O trabalho artístico estava inerte em suas veias, só aguardando a ignição. E desafogou... Daqui prá frente vieram muitas produções, e mais de uma por ano. Foi o "Por Que Eu?", "Carlota Joaquina... Uma Vírgula", "As Panteras À Procura d um GATO", "A Bela QUASE Adormecida", "O Patinho Feio", "Sentimentos", "República de Garotos", "Abracadabra" e o mais famoso "Aladdin" que já está há nove anos em cartaz.










Em todos esses anos de trabalho, suas produções foram financiadas pelo suor do próprio bolso, se é que bolso sua. Mas suando ou não, os ecos de Leis de incentivo não vibraram nas produções de JC. E assim acabou nascendo a “JC Produções” e o “Cia. Teatral JC”. Intercalando as produções de espetáculos surgiram as Mostras de esquetes, as semanas de teatro, as feiras, os festivais, e tudo que estivesse envolvendo Teatro... Afinal de contas, daqui prá frente o sustento do ciclo de subsistência capitalista sairia apenas da labuta artística e cultural... E voltamos a nossa questão, A cultura, a arte e a diversão é tão importante a ponto de pagarmos para ter acesso? E que valor, financeiro, teria esse acesso para o ser humano comum? Como se mede a necessidade do consumo cultural e seu custo benefício? Qual valor atribuir a apreciação da arte? Como etiquetar o preço de sua diversão beneficiada por um artista? A arte e a cultura são tão essenciais que devemos pagar para ter acesso? A administração pública deve listar a diversão como item de consumo básico? São muitas retóricas... "Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro". (Albert Camus - França - 1913 a 1960). Mas voltando ao nosso assunto... CAVALIÉRI...


Enfim, a educação perdeu um excelente profissional, mas a cultura ganhou o que podemos chamar de melhor aliado. No início do ano JC instalou na própria casa um espaço de arte e cultura... o “CAUCAVALIERI” – Centro de Artes Ulysses Cavaliéri. O nome do espaço foi em homenagem ao avô, que eu tive a honra de conhecer e posso garantir que é honroso nomear o Centro de Artes postumamente, mesmo porque foi a herança deixada que custeou a aquisição do imóvel. O espaço fica na Rua Sete de Setembro, esquina com Rua Filomeno Ribeiro... Centro de Vitória. Ainda é residência, em alguns momentos vira Centro de Artes... Mas a pretensão é que deixe de ser transformer e se torne permanente atuando como "Café Cult" com palco aberto e com espaço para apresentações cênicas e teatrais... Ahn? Cênica e Teatral? As artes cênicas, chamadas ainda de artes perfomativas; são todas as formas de arte que se desenvolvem num palco ou local de representação para um Espectador/público... Teatral que é relativo a teatro. Ou seja... fui redundante ao usar os dois termos, mas fica assim pois ainda tem pessoas que querem deixar claro quando vão assistir a uma peça de teatro "tradicional" ou a uma performance. E o espaço é perfeito para apresentações performáticas...

A construção tem uma estrutura exótica e bastante espaço, no primeiro piso, que fica na altura da Rua Sete poderá futuramente se transformar em um "Café Cult" e no segundo pavimento, que tem acesso pela Rua Filomeno Ribeiro fica o espaço para apresentações. E dá prá fazer performances interessantíssimas... Eu poderia sugerir várias ideias aqui, mas vou guardar todas!!! Quem sabe eu realize algumas... O prédio ainda deve passar por reformas estéticas, o que para isso é necessário apoio... Pronto... Voltando a nossa discussão! De acordo com o pensamento de Albert Camus a cultura e a arte são tão necessárias para a sociedade como qualquer outro bem de consumo primário. Então, a quem caberia o apoio de uma estruturação do ambiente que é oferecido para o entretenimento? Pois é... Parece óbvio, mas não é fácil... O sistema burocrático ou a burocracia do sistema dificulta a tentativa. Lembrando que estamos falando sobre uma pessoa que vive da arte e que trabalha sozinho... Não é um grupo de pessoas envolvidas, não é uma associação... É uma pessoa que se dedica, que encontra em possibilidades uma oportunidade, mas quando o assunto é burocracia...
A vontade, o desejo de requintar o ádito do expectador à cultura estimula no processo de caminhada para restruturação do espaço. Assim, JC quebrou paredes, adquiriu equipamentos, agora falta uma pintura, humanização e uma reforma visual externa. Mas arte e cultura permeiam caminhos que pareiam com nossa imaginação... Vamos sonhando e realizando conforme nossas condições, físicas, psicológicas e financeiras. A arte e a cultura do espírito Santo merecem muitos Cavaliéri's e vamos lutar para que esses brotem dos nossos saberes desenvolvidos e distribuídos com sabor de amor e carinho pelo setor.


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